Especialista em Alergia e Imunologia
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Imunodeficiências Primárias
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Especialista em Alergia e Imunologia - RQE 54058
Pediatra - RQE 54058
Poliomielite
A Poliomielite é uma doença viral altamente transmissível, potencialmente grave que pode evoluir com a paralisia permanente.
A Poliomielite foi considerada erradicada no Brasil desde 1990, o último caso notificado foi em 1989, porém essa falsa sensação de segurança levou as pessoas a relaxarem quanto a vacinação. Enquanto houver casos no resto do mundo, existe o risco de um surto da doença se a taxa de vacinados na população ficar abaixo de 95%.
Segundo o Datasus, até 04/09/2019 (http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?pni/cnv/cpniuf.def), a cobertura vacinal contra a Poliomielite no Brasil era de 51,54%. Isso significa que da mesma forma que já passamos por um surto de Sarampo em 2019, quando a cobertura vacinal nacional estava abaixo de 70% (https://www.saude.gov.br/images/pdf/2019/outubro/10/Boletim-epidemiologico-SVS-29.pdf) e só foi resolvido com o incentivo à vacinação (atingindo 97,4% após as campanhas), também podemos passar, num futuro próximo, por um surto de Poliomielite se não melhorarmos nossa cobertura vacinal.
fonte acessada em 10/07/2020 - disponível em: https://portalsbn.org/portal/brasil-teve-26-mil-casos-de-polio-de-68-a-89-e-nao-registra-casos-ha-30-anos-entenda/
Saiba mais sobre a Poliomielite
Intervalo entre o contato e os primeiros sintomas.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
O tempo entre o contato e a manifestação dos primeiros sintomas varia de 7-12 dias em média (pode ocorrer entre 2 a 30 dias).
SINTOMAS FREQUENTES
O vírus da Poliomielite tem baixa patogenicidade, ou seja a maior parte dos indivíduos que contrai o vírus tem pouco ou nenhum sintoma.
Aqueles indivíduos que vierem a manifestar algum sintoma, geralmente será semelhante a um resfriado comum (dor de garganta, febre baixa) ou uma infecção intestinal com náusea, vômitos, obstipação ("prisão de ventre"), desconforto abdominal e, raramente, diarréia. Porém 1 em cada 200 infectados evoluirá com paralisia permanente, geralmente somente das pernas, e 5 a 10% deles, com paralisia dos músculos respiratórios (fonte acessada em 10/07/2020 - disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5735:folha-informativa-poliomielite&Itemid=820).
TRANSMISSÃO
O vírus da Poliomielite é altamente transmissível (100% dos que tiverem contato com o vírus serão infectados) e se aloja nos intestinos, ou seja transmissão fecal-oral que pode ocorrer de forma direta através do contato com a saliva ou as fezes, ou indiretamente através do contato com as mãos / objetos contaminados. Pode ocorrer a partir de 36 a 72h após o contato até 1 semana pelas secreções orais e até 1 a 6 semanas após o contágio através das fezes (períodos mais curtos se re-infecção).
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES
Somente cerca de 1 a 6% dos infectados virão a desenvolver a forma paralítica da doença, que causa os sintomas específicos da Poliomielite e podem vir a deixar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte. Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em um dos membros. As principais características são a perda da força muscular e dos reflexos, com manutenção da sensibilidade no membro atingido.
TRATAMENTO
Não há tratamento específico, apenas repouso e controle da pressão. As medicações recomendadas são para o controle dos sintomas, da dor, prevenção de complicações e das formas graves da doença, como a forma paralítica, além de proporcionar maior conforto para o paciente.
VACINA CONTRA A POLIOMIELITE
A vacina contra a Poliomielite possui 2 apresentações: com vírus inativado (VIP ou Salk) e com o vírus vivo atenuado (VOP ou Sabim).
A VIP é uma vacina injetável que não oferece risco do indivíduo desenvolver a doença, pois é inativada. É parte do calendário básico nacional e, portanto, disponível nos postos de saúde da rede pública. Está indicada aos 2, 4 e 6 meses de vida com reforço aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Na rede pública de saúde encontra-se na forma isolada enquanto na rede particular pode ser encontrada na forma Hexavalente (associada a vacina contra Hepatite B, Difteria, Tétano, Coqueluche e Haemophilus influenza b) ou na forma Pentavalente (associada a vacina contra Difteria, Tétano, Coqueluche e Haemophilus influenza b).
A VOP é de administração oral e possui um risco de causar a Poliomielite pelo vírus vacinal em 1 caso a cada 3,2 milhões de doses aplicadas. Também está presente no calendário básico nacional e, portanto, disponível nos postos de saúde da rede pública. Na rede pública de saúde é prescrito nas doses de reforço aos 15 meses, aos 4 anos de vida e nas campanhas anuais de vacinação. Na rede particular os reforços são indicados com o uso da VIP.
CONTRA-INDICAÇÕES DA VACINA CONTRA A POLIOMIELITE
A VOP é contra-indicada para indivíduos que já apresentaram reações alérgicas graves (como urticária, inchaço da boca e garganta, dificuldade para respirar, queda da pressão arterial e perda da consciência) com algum dos componentes da vacina, em especial antibióticos (Neomicina, Polimixina e Estreptomicina); imunodeficiência grave humoral ou celular (primária ou adquirida); pessoas que convivam diretamente com indivíduos portadores de imunodeficiêcia grave humoral ou celular (primária ou adquirida); grávidas; ou pessoas que tenham desenvolvido Poliomielite vacinal anteriormente. Quadros infecciosos agudos associados a febre e/ou diarreia, é recomendável aguardar melhora do quadro antes da administração da vacina.
A VIP é contra-indicada somente para aqueles que tiveram reação alérgica grave após dose anterior desta mesma vacina.
EFICÁCIA DA VACINA
A vacina é altamente eficaz.
A eficácia da VOP após 3 doses é de 90 a 95% (fonte acessada em 10/072020 - disponível em: http://www.saude.gov.br/images/PDF/2015/julho/24/Informe-T--cnico-Campanha-Poliomielite-e-Multi-2015----FINAL.PDF) e da VIP é de 85% após o esquema completo (fonte acessada em 10/072020 - disponível em: https://hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/especialidades/centro-imunizacoes/Paginas/vacina-salk-poliomielite.aspx). Por essa diferença de eficácia, e pelo risco de Poliomielite pelo vírus vacinal, o calendário básico recomenda que as primeiras 3 doses sejam realizadas com a VIP e os reforços com a VOP, atingindo proteção de 90 a 95%.
EFEITOS COLATERAIS MAIS COMUNS DA VACINA CONTRA A POLIOMIELITE
As reações adversas com o uso da VIP são raros, os mais comuns são inchaço/edema no local da aplicação e, raramente, febre nas primeiras 24h após a administração da vacina.
A VOP raramente causa efeitos colaterais, porém pode vir a causar Poliomielite em suas diversas apresentações e gravidade em 1 a cada 3,2 milhões de doses aplicadas.
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